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Pediu demissão por trabalhar demais? Saiba como falar do assunto na entrevista de emprego

Jornadas longas – por vezes além do permitido –, semanas exaustivas de trabalho e a obrigação de estar à disposição da empresa em horários de descanso muitas vezes levam o trabalhador a pedir demissão, mesmo que não haja outro emprego à vista.

Mas como o profissional pode explicar essa situação numa entrevista de emprego depois, sem parecer que não está disposto a se dedicar ao trabalho?

Veja abaixo dicas da especialista em recolocação e carreira Taís Targa.

Foco nos resultados
A primeira orientação da especialista é que na entrevista o profissional frise o que entregou na empresa, ou seja, nos resultados, projetos e realizações.

“O candidato deve salientar que era um profissional totalmente dedicado e dizer que um dos motivos de saída era que tinha uma dedicação extrema, mas que a empresa, por não ter tanto planejamento, acabava sugando a energia dele, e ele não tinha uma jornada adequada de descanso”, diz.
Foco na jornada
Segundo Taís, o candidato deve especificar o que é uma jornada adequada de descanso para ele.

“Para alguns profissionais, pode ser trabalho das 8h às 17h e depois das 17h não querer mais falar com ninguém na empresa. Para outros é simplesmente trabalhar no horário comercial e, se eventualmente surgirem compromissos, eles têm condições de cumprir. Ou dizer que sempre olha o WhatsApp ou e-mail depois do expediente, mas que gostaria de atuar em um lugar onde não tivesse que participar de reuniões à noite, por exemplo”.
Foco no período livre
Para Taís, não tem que ter receio de falar sobre o assunto, “porque se a empresa barra o profissional por ele não estar disponível de manhã, tarde e noite, isso pode significar que não vale a pena para o profissional começar um novo trabalho nesse lugar”.

“É importante deixar claro que não pretende estar à disposição mais do que 14 horas por dia, por exemplo, até porque tem família envolvida, que ele acha que se conseguir fazer uma atividade física vai render mais para a empresa. Mas antes de falar tudo isso é importante contar tudo que ele entregou”, diz.

“E daí dizer que hoje busca um emprego onde tenha autonomia, desafios, porque gosta de entregar, é muito responsável com prazos e compromissos, mas que gostaria de pelo menos ter um período livre para ter uma vida pessoal e familiar, cuidar da saúde e, claro, se colocando à disposição caso sujam emergências ou atividades não corriqueiras”.

Foco na experiência anterior
Taís considera importante o candidato mostrar como a experiência anterior afetou a vida dele.

“Se ele tiver um exemplo para ilustrar como era a rotina extenuante do emprego anterior é bem importante. Por exemplo, o que tem sido comum é um profissional que tem reuniões às 11 horas da noite quase que diariamente, depois começa de manhã com uma reunião às 8 horas. Então é importante ele trazer essa história, esse cenário para o recrutador fazer a análise”.
Home office e cultura da empresa podem ser motivos
Questionada se os pedidos de demissão pelo motivo de se dedicar integralmente para o emprego partiam principalmente de cargos de alta gestão, ou se estariam relacionados ao uso da tecnologia ou por causa do mercado de trabalho encolhido, Taís afirma que os motivos são multifatoriais.

“Pode acontecer por ser da cultura da empresa todo mundo trabalhar loucamente e freneticamente. Às vezes é questão de um setor específico que está com falta de funcionários, ou é o próprio estilo do gestor de ser inseguro ou workaholic e cobrar demais da equipe”, explica.

Taís aponta ainda o home office como motivo, devido à falta de definição na jornada de trabalho. “E o profissional às vezes acaba tendo muita demanda de trabalho, não consegue dar conta por estar dentro de casa, às vezes por falta de organização dele ou de planejamento da empresa e acaba entrando nessa rotina extenuante”.

Outro aspecto é relacionado ao trabalho para empresas estrangeiras: esses profissionais, geralmente em cargos de alta gestão, têm que atender a outros fusos horários, inclusive em reuniões ou treinamentos que são à noite ou de madrugada, e depois precisam cumprir a jornada no horário comercial do Brasil.

Dicas de como falar sobre os motivos de saída
Taís Targa dá dicas gerais sobre como contar o motivo da saída do último emprego na entrevista:

nunca minta sobre o motivo de saída porque é fácil rastrear a mentira
não se alongue nem se justifique demais para falar dos motivos
enfatize por exemplo que houve redução de quadro de funcionários
fale com distanciamento emocional porque, se colocar emoção, acaba contando detalhes desnecessários e falando mal do empregador, o que pode levar à eliminação da seleção
fale objetivamente e não deixe lacunas para o recrutador fazer mais perguntas
treine antes para não virar lavação de roupa suja ou desabafo

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