Brasil

Recuperação do emprego ocorre de forma desigual pelo Brasil

No mercado de trabalho, a recuperação do emprego ocorre de forma desigual pelo Brasil.

No Brasil do chef sushiman Jean Pereira, profissional qualificado não fica parado, e escolhe onde trabalhar.

“Eu recebi o convite de vir para cá. Foi bem legal o convite, a proposta foi legal, eu não pensei duas vezes. Aceitei e estou muito feliz aqui”, comemora.
Em um outro Brasil, Ana Rosa, Rogério e Cláudio não ouviram falar de emprego; trabalho tem.

“Não é fácil a gente trabalhar amplamente, em tempo de sol e chuva. Isso requer da gente esforço e coragem. Isso não é para todo mundo”, afirma o vendedor de relógios ambulante Cláudio Fernando.

“Eu comecei a vender só as coisas na rua. Aí vendia óculos, sombrinha também no inverno, para tirar o sustento dentro de casa”, diz a vendedora ambulante Ana Rosa Silvia.

As diferenças históricas do mercado de trabalho no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e Norte e Nordeste estão ainda mais visíveis.

Dados do Caged – o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – mostram que Distrito Federal, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo estão no topo do ranking da criação de empregos com carteira assinada por 100.000 habitantes. Na outra ponta, Sergipe, Pará, Maranhão e Piauí são os estados que menos criaram vagas.

Enquanto uma carteira de trabalho era assinada no Piauí, quase quatro eram assinadas no Distrito Federal.

“Primeiro tem uma questão estrutural, essas desigualdades regionais que permeiam outros aspectos da vida do indivíduo brasileiro, seja no acesso à infraestrutura, na qualidade de vida, na renda média recebida. Isso acaba afetando de alguma forma o mercado de trabalho. E tem uma questão mais recente, que alguns setores de serviços estão sendo mais beneficiados durante a pandemia”, explica o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.

A casa onde o sushiman Jean trabalha não está cheia como antes, mas o dono do restaurante acaba de assinar seis contratos de trabalho.

“A questão da pandemia deixou muita gente desempregada, muitos bons profissionais desempregados. E com esse pequeno reaquecimento que vem tendo, os bons profissionais acabam sendo sempre procurados. Então, às vezes ao fazer oferta muito baixa, você corre o risco de ele ficar pouco tempo com você e amanhã ele estar saindo daqui, usar você como escala para ir para outro lugar. E não é o que a gente quer”, afirma Egberton Sabóia, proprietário do restaurante.

As realidades dos mercados de trabalho são fruto de economias bem diferentes e, segundo analistas, devem gerar mais distância entre estados ricos e pobres. De qualquer ponto do país que a gente esteja é possível sentir o impacto desse desequilíbrio. A roda gira com dificuldade; empresas, profissionais e o próprio país ficam limitados a essa desigualdade que só se aprofunda.

“Um país com menos desigualdade, menos diferenças sociais, é um país que cresce mais, responde melhor a crises, a choques, tem uma dinâmica de recuperação mais rápida. E o Brasil ganharia muito com isso. Infelizmente, essas diferenças atrapalham, não só os estados menos favorecidos -enfim, os estados mais pobres do Brasil -, como os outros estados também”, afirma Joelson Sampaio, professor de economia da FGV.

“Se aparecer uma oportunidade boa, de carteira assinada, a gente não pensa duas vezes, a gente pega esse serviço”, garante Rogério Alves, vendedor ambulante em São Luís.

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