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Filho do prefeito de São José dos Campos tem perna amputada e é internado após ser atropelado por carro da polícia na Irlanda

O jovem João Henrique Thomaz Ferreira, de 23 anos, que é filho do prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), foi atropelado por um carro da polícia na Irlanda, país onde mora há cinco anos. O rapaz teve a perna direita amputada e está internado.

De acordo com uma nota enviada pela polícia à Rede Vanguarda, o atropelamento ocorreu neste sábado (28), no cruzamento 11 sentido norte da estrada M50, em Dublin. O rapaz foi atropelado por um carro da polícia e ficou prensado contra uma barreira metálica de proteção da pista.

Ainda segundo a nota da Polícia da Irlanda, os serviços de emergência compareceram ao local do acidente e confirmaram que o atropelamento envolveu um veículo oficial da Polícia Rodoviária.

O rapaz foi levado ao Hospital Universitário de Tallaght, onde está recebendo tratamento para ferimentos graves.

João perdeu a perna direita no acidente, na altura do joelho. Além da amputação, a namorada de João, Júlia Langneck, afirma que recebeu informações dos médicos sobre uma lesão no pescoço e coágulos na coxa. Segundo ela, o quadro de saúde é estável. Nós entramos em contato com o hospital, mas ainda não tivemos retorno.

A Irlanda vive um dos feriados mais celebrados no país, o de Halloween. Isto, segundo Júlia, atrasa a realização de exames necessários para avaliar a gravidade dos ferimentos e o melhor tratamento.

O g1 acionou o Itamaraty, que informou que está acompanhando o caso e prestando a assistência consular cabível. Além disso, disse que o diplomata da Embaixada está em contato com a família do brasileiro, e realizou visita ao hospital onde se encontra a vítima do atropelamento.

“A Embaixada buscará, junto às autoridades policiais irlandesas, maiores informações sobre o ocorrido”, completou.

Nas redes sociais, o prefeito Anderson Farias publicou uma nota falando sobre o acidente e pediu orações. Veja a nota na íntegra:

“Com profunda tristeza, compartilho que meu filho, João Henrique, sofreu um grave acidente na Irlanda e está passando por uma cirurgia no hospital. A distância me aperta o coração, já que não posso estar ao lado dele nesse momento tão difícil. Minha esposa está a caminho de Dublin para dar suporte.

Neste momento, como pai, peço a todos que orem pelo meu filho, para que ele encontre a força necessária e saia ainda mais forte desta situação.

Já agradeço a todos pelas manifestações de apoio a ele. Mantenho todos informados assim que tiver mais informações.”

Investigações
A rodovia foi fechada para perícia após o acidente e um exame técnico foi realizado pelos investigadores forenses de colisão da polícia na manhã deste domingo (29).

Ainda segundo a polícia, como um veículo oficial esteve envolvido neste incidente, o caso foi encaminhado à Comissão do Provedor de Justiça da Garda Síochána (GSOC), uma espécie de corregedoria local.

Por telefone, em entrevista ao g1, Sheila Ferreira, mãe de João, lamentou o acidente. Ela está a caminho de Dublin e conversou com o portal no aeroporto de Amsterdã, na Holanda, durante uma conexão.

Segundo Sheila, João mora na Irlanda há cinco anos. Ele foi para lá fazer intercâmbio e consolidou laços no local. Atualmente, ele mora em Dublin com a namorada e trabalha como entregador de lanches.

“Ele é super querido por todos, ajuda os brasileiros que chegam lá, nunca teve problema. Ele é atleta, dessa geração saúde, faz academia, trabalha, paga as contas deles, é um menino do bem. Por isso é tão difícil entender esse tipo de coisa. Todo mundo está revoltado”, lamentou.

A mãe relata que João foi ajudar um amigo que teve a moto roubada e que por isso acionaram a polícia na rodovia. Na chegada dos policiais, uma das viaturas avançou sobre João e o atropelou.

“Ele tem um amigo que teve a moto roubada, mas tinha rastreador na moto. Um grupo de amigos foi andando na rodovia e vendo o sinal de rastreador, para descobrir onde a moto estava. Quando chegaram perto, avisaram a polícia e a guarda foi para lá recuperar a moto e pegar o bandido”, afirmou por telefone.

“Em certa altura, a polícia derrubou o ladrão e pegou a moto. Os meninos e o João encostaram no acostamento e desceram para acompanhar. Nisso, surgiram mais viaturas da polícia e eles (o grupo de amigos, incluindo João) sinalizaram onde estava a polícia e o ladrão, mas um dos guardas jogou o carro no meu filho”, lamentou.

Sheila conta que não sabe muito bem como tudo aconteceu, pois ouviu esse relato de amigos, mas que acredita que o atropelamento tenha sido proposital. Ela afirma que no país há muitos casos de xenofobia contra imigrantes e preconceito contra entregadores.

“Não parece que foi acidente. Lá tem muita xenofobia com imigrantes, os entregadores sofrem muito. Tem que saber respeitar o imigrante, a gente recebe os estrangeiros de portas abertas no Brasil, porque fazer isso com o brasileiro lá fora? A gente acolhe tão bem, pra lá fora, sem fazer nada, acontecer isso?”, questionou Sheila emocionada.

“Estamos todos nos unindo, mandando orações e energias boas para que ele se recupere logo. Tem que existir a paz. A justiça vai ser feita”, completou.

Revolta
O amigo de João, Anderson Davi, que também trabalha como entregador em Dublin e presenciou o acidente, disse em entrevista ao g1 que o atropelamento foi proposital.

“O guarda chegou à paisana, descaracterizado e parou, saiu um pouco da pista e colocou o carro na direção do João. O guarda simplesmente acelerou o carro para cima do João e aconteceu essa fatalidade. Eu cheguei em segundos, estava vendo tudo. O guarda começou a dizer que ‘foi acidente’ e eu comecei a falar para ele ‘não foi acidente, você bateu no meu amigo’”, narrou.

“O guarda foi detido no local, até onde eu sei. Eu quero acreditar nisso, que ele esteja preso. Nós ficamos esperando por ajuda até a ambulância chegar, mas o que aconteceu foi isso, essa fatalidade, infelizmente”, lamentou o amigo Anderson Davi.

“O João perdeu a perna e eu estou indignado por tudo isso ter acontecido, sempre foi uma pessoa muito boa, sempre ajudou todo mundo ao seu redor e uma coisa dessa aconteceu e o que fica é indignação”, disse.

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